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Uma Palavra Amiga‏ [Comentários de Manda Bocas]

| | sexta-feira, 14 de outubro de 2011
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Prezados leitores,

Queiram por favor aconchegar-se em torno da mesa para partilharmos mais uma muamba de mujimbos do movimento.

Quando álbuns como o “Watch The Throne” das figuras emblemáticas Jay Z e Kanye West, “The Carter IV” do consagrado Lil Wayne, levam a grande audiência ao rubro, para alguns quase passam despercebidas obras inigualáveis como “W.A.R (We Are Renegades)” do magnífico artista Pharoahe Monch, e o “Rhythmatic Eternal King” do incrível artista Reks.

Entre nós enquanto as cabeças a superfície parecem ondular em águas agitadas pelo “Impressões Digitais” do quinteto Zona 5 e algumas agitadas pelo “Um Em Um Milhão” do fabuloso artista com bling na caneta CFKappa e poucas mais vão fluindo em outras ondas sonoras. A sensação com que se fica é que o restante do movimento parece estar inexpressivo quando tal está longe de corresponder a verdade.

Como disse o artista Halloween em Luanda na entrevista ao programa “Alto Nível” do apresentador musical Miguel Neto, falar de rap é um tanto quanto ingrato; isto, porque as coisas estão muito feias de um lado, quando noutro lado estão a fervilhar e eis taxativamente o que se passa entre nós. É comum se ligar a rádio e ouvir hip hop pouco consistente excepto uma ou outra faixa. No entanto é comum entre amigos trocarem-se faixas isoladas e mixtapes consistentes de artistas a fazerem música literalmente incendiária.

Desprovidos de uma estrutura discográfica funcional de produção e distribuição, os artistas não filiados a gravadoras recusam abdicar da arte e partem para o deserto do circuito do produto interno bruto onde circulam as mixtapes.

Entretanto fora ou dentro do circuito do produto interno bruto entre os grandes produtores de hip hop com alguns anos de estrada no movimento podemos citar nomes como Leonardo Wakuti, NK, Condutor, Sandokan, Raiva, Mad Contrário, Dj Scotch, Kennedy Ribeiro, Babee Liaton, Bu Square, Dji Tafinha, Coveiro “Mário Pinho”, Aires, Faradai, Level Khronico entre outros e certamente poderíamos continuar pois existem outros arquitetos sonoros que vão consolidando a base instrumental do movimento nas suas diversas vertentes musicais. Todavia esta ou outras listas de produtores estariam incompletas sem menção do nome de um dos nossos gigantes de produção, ele mesmo DH.

Melhor, só mesmo dito por um mc que dispensa apresentações que esboçou;

“Um cidadão com o chão nos pés

O desejo é humano por isso rimo na X10!

Por Denexel

Eis onde o chinguilamento começa com uma produção com traços do Doctor Dre (que vai do club à street), trechos do 9th Wonder (recheio de música da alma) e fragmentos hardcore da escola do RZA (*Beat: Encore, Malef (WOW)), conjugada a outras influências e a sua própria inclinação musical natural tudo isso é o que transparece nos dedos longos e finos e nas emoções musicadas do produtor que a partir da sua plataforma X10 disponibilizou-nos as primeiras faixas promocionais “Scary Music” do duo Naice Zulu e BC, seguidas por outras como “Desmascarados” na voz do braço de ferro Vui, e em sequência a abertura do Denexel, na mesma base instrumental agita-se a areia do movimento debaixo dos pés do gigante Pyrack-Need-U (dos Poli) que manifesta;

Fuck you para o Underground, Fuck you para o comercial

O mais importante é fazer “BOA MÚSICA” pa engrandecer a cultura nacional!

Por Pyrack-Need-U

Sem flancos o gigante propõe um palco de diálogo músico que tem como base única e exclusiva a “boa música” sem cores do underground nem partidos domainstream, simplesmente música! Aproveita-se o ensejo para se felicitar o produtor o artista bem como o restante do colectivo de artistas a cargo do trabalho mixtapeNo Dia D Na Hora H” que se adivinha desde já um trabalho promissor.

Noutro ponto temos a mixtape “Estado de Alerta” do Raiva certamente uma mais-valia para a Raiva Baby, disponibilizada no fim do primeiro trimestre do corrente ano, além de realçar o nome do próprio a mixtape nos oferece algumas faixas escaldantes destaque para o “Homem no Espelho”, “Estado de Alerta feat Abdiel, Young D, Ready Neutro”, “A Dupla feat Reptile”, “My Business Feat Hernâni da Silva, Bad News, Extremo Signo e abre horizontes para nomes como os GORILAS DE VIANA entre outros, boa cooperação artística com os manos de Moçambique.

Ainda a cargo do PCA da Pirline, Reptile que participa em ambas as mixtapes dos seus colegas de arte e associação, é nos oferecida também a mixtape “Força da Natureza” do sempre em chamas Extremo Signo. Destaque para as faixas “Lixo Feat Divino Magno”, “Estou Longe Feat Ready Neutro, Mad Contrário e Reptile”, “Reportagem”, “Conto Nos Dedos”. O trabalho que arranca gravitando em torno de batalhas e aventuras no mundo feminino e incursões no superego masculino mas que perto do seu fim, revela-nos o Extremo Signo artista sem o habitual stress e uma elevação em “16 Barras” cristalinas que nos diz;

Eu não faço underground ou mainstream

EU FAÇO MÚSICA!

Por Extremo Signo

Embora numa das faixas o artista afirme ser um “Teacher do Flow sem ter precisado andar com o Pyrack-Need-U” este raciocínio coincidentemente é semelhante com o do último mencionado. Razão suficiente para fazer coro ao ditado “great minds do think alike”, e a pergunta é; será que podemos todos ser great minds e olharmos além das cores fictícias do underground e interesses dos partidos do mainstream e mais para a pureza da música como tal?

Pode-se também encontrar no circuito do produto interno bruto a oferta da mixtape “Retalhos da Arte” dos KPs disponibilizada em Junho deste ano, que traz uma abordagem sólida do trio (Judah “Ben”, ET e Young S), destaque para as faixas “Rap Slaves”, “FF feat G8” e “Hip Hop por Amor”. Felicitações ao coletivo de artistas.

Sabe-se também que a Jazzmatica está a trabalhar com afinco no que possivelmente poderá constituir uma obra singular na vertente Hip Hop Jazz ainda este ano, saudações aos produtores e mcs do projecto Faradai e Irru Ill, bem como saudações aos integrantes do coletivo, Mano António e e dedicamos bom trabalho e sucesso.

É também do nosso conhecimento que o Raf Tag está a efectuar o registo do seu trabalho discográfico no “Buraku Negro” e estende-se um braço de apoio ao estúdio e ao artista bem como se deseja bom trabalho.

Igualmente no interior do kassenda tão forte como o DH podemos encontrar o renomado produtor e mc de nome Xtygmaz e o seu clã de mcs e produtores que cogitam um projecto de grande envergadura e vão também disponibilizando faixas para o público, destaque para a faixa “Brutalidade Vokal” do 13ºDisciplo. Desejamos boa sorte e continuação de bom trabalho na concretização dos projectos.

Noutro ponto ainda temos também os Reais Camaradas que por motivos de força maior viram-se privados do seu estúdio mas até onde sabemos o campeão defreestyleLil Jorge” e o seu clã estão a trabalhar num bom projecto em parceria com outra voz do movimento “Dega”, projecto que até onde se sabe conta com a participação na produção de beats de nomes como “Brother Kev”, “Verbal” entre outros e conta com algumas faixas já registadas. Shout out po Lil Jorge e Black Ny pela aparição na “batalha” no álbum do CFKappa faixa esta onde é novamente louvável a cooperação artística com os nossos manos de Moçambique.

Ainda na brasa de novidades, é necessário realçar a faixa “5 anos de ausência” do gigante MC K que nos oferece um resumo dos últimos anos, faixa esta que apesar de espelhar muita atrocidade finaliza na nota de um verdadeiro filho de África e do mundo ressentido com a dor do Haiti e males do mundo mas que vendo além da febre-amarela e cabidelas de sangue, acredita que África tem ainda boas coisas para presentear ao mundo como o Pepetela, Miriam Makeba ou Fela. Desejamos sucesso a obra que se avizinha nos próximos meses.

Noutro canto, embora o Extremo Signo tenha esboçado, “Perguntem ao mo nigga “Malefuck” se a cooperação comigo é fácil”, é justo realçar a faixa produzida pelo DH que a “maquina de métrica” registou com o astro Fat Joe. Julgo pertinente dizer que todo o movimento sabe quem é o Malef e logo se entende porque entre os que viu e ouviu porquê que o “Crack” escolheu droppar com este nosso valor. Shout out pro Malef e boa sorte e sucesso nos trabalhos e que a parceria com a TS de facto se efective.

 

Concluo que é notório que o movimento é um “polo em desenvolvimento” com os diferentes coletivos e indivíduos a trabalharem para concretização do sonho musical e o que falta neste momento é o capital que os artistas não detêm para investimento na música, logo a falta de mais obras no mercado discográfico não pode ser atribuida a falta de artistas contundentes mas sim deve ser atribuída a falta de “estruturas discográficas suficientes de produção e distribuição de música”. São necessárias mais LS Produções, ou seja, precisa-se de pelo menos uma estrutura discográfica adicional capaz de albergar não somente mais valores do hip hop mas capaz também de albergar outros estilos musicais. Aproveita-se a oportunidade para se enviar um abraço aos companheiros de arte Ikono e Carbonobem como o restante dos manos dedicados a causa e substanciando as abordagens do Pyrack e do Extremo a proposta é desarmarmos o pensamento e deixarmos de olhar em termos de cores do underground ou partidos musicais comerciais mas sim olharmos o âmbito musical. Traduzindo em linguagem social a proposta é convidarmos as várias opiniões a aconchegarem-se no palco do diálogo familiar nacional para juntos buscarmos o consenso e entendimento em prol do bem-estar geral e do “Populorum Progressio” (desenvolvimento dos povos)!

Ainda na nota do MC K frisando aquilo que África ofereceu ao mundo, choramos hoje a perda do astro musical nacional “André Mingas” (1950-2011), um filho da arte de Angola e do mundo, precursor do Afro Jazz em moldes Angolanos. O movimento endereça sentimentos à família enlutada e no meio de dor e pesar anseia que a alma do Ícone, pai, irmão, amigo, conselheiro, arquiteto, poeta, compositor, interprete, servente do povo descanse em paz.

Entre soluços e lágrimas um brinde a tua imortalidade GRANDE MESTRE!

Uma esperança, um sorriso, uma flor, uma palavra amiga” por André Mingas

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Manda Bocas


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