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RAPPER DO MÊS DE MARÇO

| | quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
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E o vencedor deste mês é... Azagaia, um jovem rapper de Moçambique que consegue fazer aquilo que muitos outros rappers não conseguem, usar o poder das palavras. Segue abaixo uma entrevista feita à BBC África.
“As Mentiras da Verdade”, um Hip Hop irreverente de apresentação do jovem músico Azagaia, está a ter um grande impacto não só em Moçambique como em vários partes do mundo.
O single faz parte do álbum provisóriamente intitulado “Babalaze” - que em Moçambique significa “ressaca” - em referência à obra “Babalaze das Hienas” do poeta moçambicano José Craveirinha.


Azagaia, ou Edson da Luz, é um jovem universitário moçambicano que está a mexer com o mundo do hip-hop, por intermédio da sua incursão pelas maleitas do país, e que reverberou em vários círculos não só da sociedade moçambicana, como noutras partes do globo.


A letra irreverente está a fazer furor em dezenas de blogs moçambicanos e além fronteiras, tendo mesmo sido publicada no mega-popular site “You Tube”, utilizado por milhões em todo o mundo, em especial pelas camadas mais jovens.


Entrevistado para o programa Tribuna Cultural da BBCparaÁfrica, Azagaia explicou que a certo momento da sua juventude “já não se limitava simplesmente a consumir informação” e “começou a questionar” as “diferentes versões dadas para um mesmo facto.


"Eu queria saber qual a verdade" dos factos, na qualidade de “cidadão informado”, disse.
A inspiração, diz, provém da necessidade de informação e conhecimento, “normal numa sociedade democrática, onde existe liberdade de expressão”.


Procura da verdade
Neste controverso tema de apresentação, Azagaia aborda uma série de temas da actualidade moçambicana, desde o assassinato do jornalista Carlos Cardoso, à corrupção até à polémica dos esquadrões da morte no seio da polícia.


Questionado sobre onde vai buscar a inspiração e como selecciona os temas das letras, Azagaia diz que “a determinada altura da sua vida se apercebeu dos casos de desinformação”.
Aponta o caso da morte do ex-presidente Samora Machel, cujos manuais escolares atribuíam a acidente de aviação, ficando a saber-se mais tarde que Machel poderia ter sido vítima de assassinato.


Este foi um ponto de viragem no crescimento artístico deste jovem músico, que desde então, diz, questiona “os factos que o incomodam” e que crê, “incomodam qualquer um”.


Confrontado com o entusiasmo do público moçambicano e a polémica gerada pelo seu trabalho, Azagaia diz que julga “ter apenas aumentado o volume das conversas de esquina, porque as pessoas têm muito medo de falar de certos casos”, por vezes até, diz ele, de perder o emprego.
Azagaia pensa que “trouxe apenas à tona” as conversas “que se tinham até agora na segurança do lar” e que alguns investigam na imprensa.


“Eu apenas dei um passo, no sentido de tentar traduzir aquilo que é o sentimento de todos os moçambicanos a propósito de todos os casos quentes que nos incomodam”.
Para Azagaia esta “é uma questão de identidade, história e segurança”.


Corrupção
A corrupção é também um tema abordado por Azagaia, que diz não duvidar que esteja a ser combatido, “mas a um ritmo muito lento”.


“Nós somos livres”, diz Azagaia quando lhe perguntámos se sente uma coragem especial por dizer aquilo que pensa. Adianta ainda que “não devia ser necessário a um cidadão muita coragem para dizer aquilo que se sente. Deveria ser um exercício normal”.


O furor causado pela sua música é para o jovem moçambicano “muito positivo”, pois julga que “as pessoas se sentem identificadas” com o seu trabalho: é “como se este fosse uma via de escape para todos os moçambicanos”.


Em jeito de remate, Azagaia diz que esta polémica serviu também para mostrar aos moçambicanos fora do país, que os jovens em Moçambique “não estão a dormir” e que “tem sentido crítico”.


Não são apenas sociólogos a questionar o presente, diz Azagaia, mas também “os jovens e estudantes”.


Azagaia termina dizendo que “acima de tudo encoraja as pessoas a fazerem algo para mudar, que interiorizem a mensagem e pensem sobre o que podem fazer” para “melhorar o actual mosaico social em Moçambique”, onde “não está tudo mal, mas onde o que está mal está a manchar” o que vai bem.


“As Mentiras da Verdade” é apenas o single de apresentação de um álbum que, Azagaia promete, irá abordar muitos outros temas prementes da sociedade moçambicana “que ficaram por falar” e cujo lançamento deverá ter lugar lá mais para Agosto.


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