Dele conhece-se o lado cáustico e frontal com que analisa o dia-a-dia do país e critica os políticos. Mas há um outro Azagaia. Aquele que fala de amor e que um dia já passou por uma linhagem (na música) diametralmente oposta à que lhe valeu uma chamada à Procuradoria e o rótulo de persona non grata do regime. Deve ser desse Azagaia do passado que o statu quo, mesmo sem tê-lo conhecido, sente saudades.
Há quem lhe chame incómodo, pessimista, controverso, fatalista, apóstolo da desgraça. Edson da Luz está-se nas tintas. Aos 28 anos, sente-se na obrigação de não ser calado e de alertar os moçambicanos para a postura do Governo que “manda tirar vidas” para acabar com greves, numa alusão às manifestações de 1 e 2 de Setembro.
Fá-lo da única maneira que sabe: com frontalidade, sem medir as palavras. E, na passada semana, o Estado, através do seu braço repressivo, não mediu forças nem tempo para vasculhar a sua viatura até “achar” bolinhas de soruma que serviriam de mote para privá-lo da liberdade. Por 48 horas.“Eu sou da geração que não deixa o nó da gravata prender o grito de liberdade que explode na garganta.”
Em 2007, Luís Carlos Patraquim escreveu no Savana, primeiro semanário independente de Moçambique, que “já havia a ‘Babalaze das Quizumbas’” de José Craveirinha para depois acrescentar: “Agora chegou outra babalaze via programa ‘Hip Hop Time’, da rádio. E um videoclip que já circula no ‘YouTube’”, cujo autor era um jovem com “uma letra de arrasar com o título em oxímoro.” A primeira impressão, disse, “quando se ouve este RAP – será RAP? (...) é a de que o miúdo se passou. Saltou-lhe a tampa e resolveu sair à rua para um exercício escatológico total. Jogo demasiado arriscado dada a anárquica circulação do trânsito geral com um número crescente de acidentados. Um homem vai ao volante do que julga ser a sua verdade e surge-lhe, em sentido contrário, um Jeep que colide com ele ou uma kalash, dentro do veículo, que começa a disparar descontroladamente”.
Porém, não foi nem um Jeep e nem uma kalash com que Azagaia colidiu no último sábado. Foi com os agentes da Polícia de Investigação Criminal. Na avenida FPLM horas antes do espectáculo de lançamento de “A minha geração”, o seu mais recente videoclip no Café bar do Gil Vicente. Acusado de posse de drogas o músico ficou detido 48 horas, tendo sido solto na manhã de segunda-feira (1 de Agosto).
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