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A PRODUÇÃO NO HIP HOP

| | sábado, 7 de fevereiro de 2009
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Pessoal, estive a deambular pela net e encontrei esse artigo que achei interessante...

O que é um produtor de Hip Hop? Obviamente, qualquer coisa é passível de ter muitas definições, mas em relação ao aspecto da produção num contexto Hip Hop penso que há vários pontos com que toda a gente concorda. Mas vamos por partes.

O Hip Hop nasceu quando os DJs pioneiros começaram a usar duas cópias do mesmo disco para cruzarem breaks e manter a batida constante na pista de dança. O facto de pouco depois terem surgido os primeiros MC’s a darem rimas em cima dessa batida fornecida pelo DJ garantiu ao Hip Hop, desde logo (estou a falar de há 30 anos!), um formato típico: O MC rimava em cima de pedaços de música alheia fornecidos pelo DJ. Nesse sentido, o produtor é o descendente directo do DJ.

Na primeira metade dos anos 80, porque ainda não havia samplers a preços acessíveis, o Hip Hop fazia-se de uma de duas maneiras: com músicos em estúdio, que imitavam velhas malhas de funk (como é o caso do clássico Rapper’s Delight dos Sugarhill Gang) ou então com algumas das primeiras caixas de ritmos, como a Drumulator (como foi o caso de gente como LL Cool J ou Run DMC). Só a partir de meados dos anos 80, com a chegada ao mercado de samplers como a SP 12 da EMU é que se começou a samplar e a produzir tal como nós hoje entendemos a produção.
Obviamente, os primeiros produtores (gente como Marley Marl ou Mark The 45 King) começaram por samplar os discos que tinham à mão, nomeadamente as colecções de discos dos pais que, tratando-se de negros dos boroughs de Nova Iorque, tinham muito funk e soul, naturalmente.

Os primeiros samplers tinham uma memória curtíssima, de apenas alguns segundos e por isso os samples usados até mais ou menos 1988/89 eram sempre curtos e incisivos, porque a tecnologia não dava para mais. Mas a partir dos anos 90, com a crescente popularização da revolução informática (e os samplers são, basicamente, computadores), os samplers começaram a vir munidos de maior capacidade de memória e por isso permitiam a utilização de loops maiores e de mais camadas de samples (sem isso o som típico dos Public Enemy não teria sido possível).

Claro que para terem material para samplar os produtores – que rapidamente esgotaram as colecções dos pais – tiveram que começar a procurar os seus próprios discos. Quanto mais raros melhor, claro: um disco que tivesse sido editado em 1969 e do qual só se tivessem fabricado 500 cópias numa pequena cidade do Texas teria menos possibilidades de ser descoberto por um advogado de direitos de autor em Nova Iorque do que um álbum de um artista muito popular que tivesse vendido muitos milhões. Para evitar os processos de direitos de autor que começaram a surgir no início dos anos 90, os produtores tiveram que mergulhar bem fundo nas lojas de discos para encontrarem discos obscuros que ninguém conhecesse e que pudessem samplar à vontade. Há quem chame a essa actividade o 5º elemento do Hip Hop e várias crews fazem disso o seu estilo de vida – Beatnuts, DITC (Diggin’ in the Crates), etc…

Ora muito bem, um sampler, escrevia eu, é basicamente um computador: um sampler permite recolher samples (amostras ou excertos) de discos ou de qualquer outra coisa que produza som (TV, instrumentos, voz humana…) e alinhá-los através de um sequenciador. E é exactamente isso que se faz com uma MPC – um sampler cuja sigla significa Music Production Center: retirar samples de onde se quiser e criar sequências, ou seja, definir qual o som que surge primeiro num tema, qual surge em segundo, etc. Daí o boom-boom-bap de uma batida: normalmente sampla-se o bombo e a tarola separados e depois cria-se a sequência que se quiser, acrescentado depois outros elementos de percussão (pratos, congas, etc…) ou loops de instrumentos (sopros, pianos, violinos, etc…)

Claro que isso pode-se fazer igualmente com os computadores, para os quais já existe hoje uma enorme variedade de software que imita os samplers. Mas enquanto o processamento num sampler é garantido por uma máquina profissional, muitas vezes, no caso dos computadores, a placa de som não garante os resultados desejados. Por isso é que uma boa placa de som pode chegar a custar tanto como um sampler: é que a tecnologia em ambos os casos é semelhante.

Portanto, armado com uma MPC (como Pete Rock, Dr Dre, ou D-Mars) ou com um computador (como 9th Wonder, por exemplo) pode-se começar a produzir. Mas, como explicava lá atrás, um produtor não pode ser apenas alguém que domine o lado técnico da questão (saber como mexer no sampler ou nos programas de computador): tem também que saber o que está a samplar para melhor dar a volta aos sons que sampla. Produtores como Pete Rock, Diamond D, Dr Dre ou DJ Premier, por exemplo, são autênticas enciclopédias no que aos discos diz respeito.

Por isso, procurar discos antigos em segunda mão é uma actividade tão importante para um bom produtor como aprender a dominar a sua ferramenta de eleição, seja ela a MPC (ou qualquer outro sampler em hardware como é o caso do descendente da Sp 12 que leva o nome de SP 1200) ou o computador e os seus samplers em software.

No lado técnico há várias questões a considerar: fazer apenas um loop de uma malha de guitarra ou uma melodia de piano é demasiado simples (embora possa igualmente resultar de forma superior - Rza, por exemplo, é um mestre nisso!). Um bom produtor, como DJ Premier, por exemplo, aprende a dar a volta a essa questão, inventando novas formas de samplar, cortando os sons de um loop e reorganizando-os de outra forma. DJ Premier foi um dos pioneiros desse estilo de produção conhecido por chopping (cortar). Um produtor tem que procurar sempre soluções inesperadas, seja por samplar um instrumento que ninguém estava à espera que fosse samplado (sei lá, quantas vezes é que já ouviram gaitas de foles em beats de hip hop?) ou por samplar um loop bem conhecido e dar-lhe uma volta diferente, programando as baterias (que normalmente obedecem ao tempo 4/4) de forma invulgar, enfim quebrando as regras. No fundo, o que eu estou a dizer é que um bom produtor é um verdadeiro músico, que conhece e entende a música, que a recria usando técnicas que só os verdadeiros músicos poderiam entender.

Claro que nos últimos anos surgiram – para evitar as leis de direitos de autor – vários produtores que em vez de samplarem discos antigos tocam eles mesmos as suas melodias ou ritmos. É o caso dos Roots, por exemplo. Mas essa é outra história.

Texto de Rui Miguel Abreu (Abril/2005)

1 comentários:

Anónimo disse...

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