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DIA DA INDEPENDÊNCIA DO HIP HOP NACIONAL

| | segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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A independência do Hip Hop nacional teve a sua proclamação anunciada ontem, naquele que podemos considerar o melhor e maior espetáculo de hip hop alternativo de todos os tempos cá na banda.

Os portões do Cine Atlântico foram abertos ao público as 17h e, por incrível que pareça, as 19h a casa já estava cheia. Importa ressaltar que a entrada foi pacífica, sem grandes desafios para o corpo de polícias destacados para garantir a segurança do evento (parabéns ao público hip hop).

Organizado e produzido pela “Masta K Produsons”, com início previsto para as 19h00min, o grande show de apresentação do álbum Kooltivar, de Kool Klever deixou os mais cépticos boquiabertos, pela adesão do pessoal que apareceu em massa e ajudou a completar o cenário daquela que se pode considerar uma noite memorável.

O palco, um tanto arrojado quanto diferente, ilustrava o cenário de um bairro periférico, adornado com algumas árvores, muitos jornais, a carcaça de um carro velho e até, foi recriada uma roullote, como muitas que estamos habituados a ver pela cidade.

Enquanto isso, os Dj’s Samurai e Pelé animavam o pessoal com grandes tracks de rap nacional e internacional, não deixando os seus créditos em mãos alheias, fazendo alguns scratch’s no Vinil, e pra muitos voltando à memória os velhos tempos das tardes de hip hop no Elinga Teatro e no Cunene 2000.


Passados largos minutos da hora prevista para o início, McK kanga no Mic e dá incício à cena, arrancando aplausos e muito barulho do pessoal que esperava ansiosamente.

Kool Klever, o “pequeno grande homem” faz a sua entrada, dropando o tema “Hip Hop”, onde declara o seu amor pelo movimento. Seguiu-se uma acappella e a apresentação daquele já é considerado a mascote e o futuro do rap nacional, ninguém menos que Cfkappa, aqueceu o mic com as suas rimas de duplo sentido que já lhe são características.

Klever deu continuidade ao show, dropando uma de suas músicas mais marcantes, falo de “Rimas e Flows”, sempre acompanhado por X da Questão no background, mostrando a todos que a idade não é um factor de risco quando se trata de “rappar”. Kennedy & Da Bullz (Muralha), integrantes da Cérebro Records - label à qual Kool Klever está vinculado - encerraram a 1ª parte do show sobre o electrizante instrumental da música “Isto Não É Hip Hop”, cuspindo umas rimas na onda “boa vibe”.

Não menos quente que o fogo, X da Questão, também membro da Cérebro Records, que no estilo reggae fez chegar a sua mensagem através da música “Mais Amor No Seu Coração”, seguido de uma radiografia tirada ao Bairro Nelito Soares e contada na música “Ecos e Factos”.

Depois do o mic bem aquecido, Kid Mc sobe ao palco acompanhado por Expiráculo e Xtremo Signo. O público foi ao delírio com os temas “Reeducação”, “Furiosidade”, e dropou o som todo “...Ninguém toca na minha maquete, eu sou mesmo underground sou filho do rap..."

Agora, qual é a coisa qual é ela, uns manos subiram ao palco de bata branca, já estavam a 6 anos sem fazer apresentações e marcaram presença com o seu estilo irreverente quotidianamente dropando? Só podia ser o Conjunto Ngonguenha. Embora sem a presença de Ikonoklasta, Conductor, Leonardo Wawuti (Grand L) e Keyta Mayanda fizeram um “back in the days” e droparam alguns sons do primeiro álbum, assim como o som “Vou Te Queixar”, que fará parte do próximo álbum do conjunto, a ser lançado ainda este ano.
O terceiro bloco foi aberto por mais uma acappella de Kool Klever, acompanhado do seu “partner in crime” Lukeny Fortunato que cuspiu cenas tipo “…Nós já estamos no inferno, que se lixe o pecado…”. Seguiu-se as tracks “Ghetto Dreams”, Não Vim Aqui Pra Ficar”, com a participação de Eliei, e “A Luta Continua” (Com Mc K e Edu ZP). Chegou então aquele que foi um dos momentos mais altos da noite, ao iniciar o beat de “Black Woman - Mulher Negra”, o people na casa foi mesmo ao delírio, quanto mais não fosse porque o pequeno Rashid (filho do Klever) de apenas 9 anos, acompanhou o pai, de mic em punho mostrando que filho de peixe peixinho é. Foi uma performance tão emotiva que o povo pediu bis, e lá eles que não se fizeram rogados, atenderam ao pedido.
O bloco fechou com um “Comboio” na música “Verbalização”, Klever chamou Da Bullz, Lil Jorge (Reais Camaradas), X da Questão, Celder (Polivalentes), e Cfkappa pra ajudar a abrilhantar a track. Depois disso, uma acappella de Celder, que atacou mais uma vez os “Gatunos de Flow”.

Passavam alguns minutos das 22h e o peepz já impaciente reclamava a presença em palco do culpado pela maior enchente de todos os tempos no evento “Ecletismo Poético” da última sexta-feira.

Quando Dj Bomberjack assumiu o comando da mesa de som, instalou-se o pânico aquilo era só mãos no ar, muita vibração e energia positiva. E era só mais um aquecimento para o que se seguia.
Foi assim que, depois de alguns minutos, McK anuncia a entrada do grande convidado da noite: Valete a.k.a Ciclone Underground. O Mc mais aclamado da lusofonia apareceu e pôde sentir a vibração, o calor do povo angolano. Ainda eufórico, teceu algumas declarações, afirmando que era uma honra estar em Angola, agradeceu ao convite da Masta K e revelou a intenção de voltar brevemente, desta feita para um concerto só seu.

Dando continuidade, chamou Cfkappa e deu props ao rapaz, dizendo que é um dos mc’s que admira e de quem tem acompanhado o crescimento. Juntos droparam o som que faz parte de Mixtape Kara Davis (Regula), “eles têm barras pra esses niggaz”, enquanto isso o público não parava de fazer barulho.

Ainda nesse momento, Valete submeteu Cfkappa a um “teste de transição de rapper para Mc”, o qual teve como classificação final: Apto. O puto cantou o tema “Sou Hip Hop” da Mixtape De C à X que contou mais uma vez com a ajuda de Valete e X da Questão no background.
O público delirava, uns pediam que Valete dropasse “10 anos”, outros clamavam por “Mentira do Vosso Amor” e tantos outros sons, mas Valete, ao seu jeito bem despojado e sempre interventivo, não deixou passar a oportunidade de dar umas dicas pra o pessoal, incentivando a luta incansável pelos sonhos, dizendo que há um só caminho e que nunca devemos desistir nem deixar que ninguém atrapalhe os nossos planos. Com o seu linguajar peculiar, enquanto interagia com peepz, dava pra sentir no fundo o beat de “anti-herói” uma das músicas mais mediáticas deste mc que não se coibe de fazer a sua análise do panorama politico-social quando dropa. Finalmente o beat subiu e o público acompanhou Víris cantando incansavelmente do princípio ao fim.

Muitos fãs tentaram passar a barreira de segurança, com a intenção de tocar, dar um abraço ao homem e, as coisas corriam pelo melhor até que houve uma falha de energia e o palco ficou às escuras (coisas de Angola ne), e nessa altura alguns fãs desenfreados aproveitaram a desorganização pra invadir o palco.

Situação controlada, energia restabelecida, antes de Valete voltar à carga, McK apela à colaboração do pessoal e num minuto a sala encheu-se de vozes que em uníssono gritavam: Desculpa! Desculpa! Desculpa!

Sinceramente, nunca se presenciou uma cena desse género, o peepz mostrou que a fama de povo hospitaleiro que os angolanos têm não é em vão.

Valete voltou então ao mic e, na companhia de McK e Cfkappa dropou “A Mentira Do Vosso Amor”, de seguida “Roleta Russa” e por fim o tão aguardado som “10 anos”. E assim a festa chegou ao fim.
Tal como na entrada, também a saída foi calma, e o pessoal extasiado, agradecia á “Masta K Produsons” e ao Kool Klever pela iniciativa.

Ficou provado que o underground tem o seu espaço, que o rap interventivo tem muitos, mas muitos seguidores e que vale a pena acreditar e viver por isso a que chamamos “Movimento”.

E foi assim que no dia 04 de Outubro foi decretado o dia da Independência do Hip Hop Angolano.

Miss Djei para Lusohiphop.blogspot.com
Fotos de Dino Cross

5 comentários:

Soba L disse...

EXCELENTE REPORTAGEM !!!

+ UMA VEZ OS MEUS PARABÉNS !!!

CFK GOD BLESS U !!! YOU CAN !!!

Sakrho Metalurgikho disse...

Extremamente real a reportagem, foi mxmo tal komo akonteceu...Força lusohiphop.
Foi mxmo o dia mais alto que o nosso hip hop underground viveu neste ano k sa até mxmo nos ultimos anos...

Sakrho Metalurgikho disse...

Viva o hip hop independente, hip hop vida, hip hop consciente ''VIVA O UNDERGROUND'' paz pra todos os verdadeiros. one lusohiphop...

Prototype disse...

Way to GO!!! Viva o Hip Hop (Underground)...
O termo deixou de ser apenas nomenclatura de artista nao acolhido por uma Record Label Mainstream, mas ganhou a identidade conotada com REALITY MUSIC - A verdade seja dita... Liberdade de Expressao...
I'm IN.
P

Claudio Silva disse...

Grande reportagem, ate aqui de Boston ja deu pra sentir um pouco do calor desta noite. Longa vida ao Hip Hop Nacional, de qualidade.

 

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