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WAKUTI MÚSICA ENTREVISTA CFKAPPA

| | sábado, 10 de outubro de 2009
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WM: Descreve-nos o Cfkappa, enquanto homem e enquanto artista.
CFK: Cfkappa, enquanto homem aparece "vestido" de Cláudio Fernando Kiala, um jovem de 17 anos, estudante da Universidade Católica, Curso de Engenharia de Telecomunicações e professor de matemática do 2º nível num colégio. Além de escritor de prosas e poesias como membro da União dos Escritores Angolanos é também irmão de 5 pessoas e filho de dois pais (loool naturalmente). Acho que é tudo.

WM: Quais foram as lições mais importantes que adquiriste desde que estás envolvido com o movimento hip-hop?
CFK: A humildade, paciência, auto-estima, persistência e respeito pelo trabalho dos outros são factores essenciais para uma carreira tranquila, ainda que sem ganhos monetários. (Quem sente de verdade sabe disso).

WM: Cita-nos até 10 álbuns importantes na tua formação enquanto Mc.
CFK: 01. M.P.L.A (Bob da Rage Sense)
02. Babalaze (Azagaia)
03. Negócio Fechado (Kalibrados)
04. The Documentary (The Game)
05. Theatre Of The Mind (Ludacris)
06. Serviço Público (Valete)
07. Entre o Homem e o Artista (Keita Mayanda)
08. Ngonguenhação (Conjunto Ngonguenha)
09. O Último Samurai (Bem, não é álbum mas ajudou-me)
10. Noites em Branco (Dji Tafinha)

WM: O que é que se pode esperar do Cfkappa em 2010, depois de ter lançado em 2009 uma mixtape com o X da Questão?
CFK: Bem, em 2010 vocês podem esperar um álbum bem mais consistente e maduro, com abordagens de alguns temas comuns de maneira bem incomum, ou melhor, irá conter um certo retrato do que estamos habituados a ver mas de forma bem mais íntima, bem mais vivida, em que eu disponibilizo ao ouvinte personagens nas músicas que levam a mensagem e a realidade que o CD quer transmitir. Em 2010 eu pretendo mostrar ao mundo, um CD que irá servir como um material "não-descartável" que acarretará as experiências que tenho vivido como membro e contribuinte do Hip Hop angolano. Tento fazer um álbum em que canto com os meus artistas favoritos, mas ainda são muitos e receio não poder cantar com todos eles.


WM: Utilizas alguma técnica para compor as tuas letras?
CFK: Bem... Deixo que a inspiração venha por si. Geralmente não costumo forçar para que a cena venha natural e com sentimento. A única técnica que uso é o amor pelo rap e o cuidado de transmitir as coisas de maneira diferente e que possa ser apreciada pela beleza da mensagem e pela beleza de como é apresentada.

WM: Sentes-te de alguma forma responsável pelo futuro do rap nacional, já que muita gente te considera o futuro do rap devido as tuas qualidades como Mc, mas também devido a tua idade?
CFK: Já cheguei a pensar isso. Mas deixei esse pensamento quando reflecti que pensar assim só iria representar mais pressão para mim e talvez vir a me tornar escravo do que o povo quer. Eu faço o que eu acho que consigo fazer e que o povo precisa ouvir. Claro que a minha idade faz-me sentir especial e isso não devo negar, mas eu me sinto mais responsável por poder um dia servir como exemplo e mais MCs da minha idade se irem formando no caminho certo com garra e dedicação.

WM: Costumas pensar em coisas tipo:
a: vou fazer rap apenas até aos 30
CFK: Quase isso. A cada ano que passa eu penso que vou fazer rap só até o ano seguinte. - E já foram 3... heheheh.

b: quero viver da música
Felizmente sempre tive na cabeça que não posso viver da vida, talvez por ter ambições maiores na vida que, através da música talvez seria impossível alcançar. Apesar de fazer a música como hobbie, eu a faço com a maior responsabilidade possível, mas nunca espero que ela seja o "ganha-pão" na qual eu dependa para encher a conta no banco.


WM: Com quem gostarias de trabalhar musicalmente no futuro?
CFK: Tenho tido a sorte de trabalhar com a maior parte dos MCs que sempre admirei mas ainda assim há pessoas que admiro há ainda mais tempo tipo o pessoal do Conjunto Ngonguenha, Kanye West, Duas Caras e acho que mais nada... O resto o destino saberá encaminhar. Conjunto Ngonguenha porque foi um dos primeiros álbum de Rap angolano que eu ouvi antes de pensar em ser MC e apaixonei-me. Depois então prestei mais atenção às cenas individuais dos elementos e comecei a cantar por cima das vozes deles e tal. Geralmente entrego-me à fundo no trabalho de alguém quando o admiro de verdade.

WM: Que géneros ou artistas estás a ouvir nesses dias?
CFK: Ultimamente tenho ouvido Jazz, Rock, Rap Angolano e Moçambicano com mais frequência e algumas particularidades como Tribalistas, James Blunt, Ray Charles, etc.

WM: Deixa aqui alguns dos teus versos que consideras de mais impacto, para fechar esta pequena entrevista.
CFK:
Desde mais pequeno eu aprendi
Que a inveja é pecado, por isso antes que ela brotasse eu a prendi
Hoje desfilo com a vitória numa passarela
A vida deu-ma de presente, não vou deixar passar ela
A vossa massa cinzenta já está amarela
Por aproveitarem-se da arte sem nem amar ela
Sou um artista, pinto rimas em telas
Tu sonhas, com novas rimas eu preocupo-me em tê-las
Te mostro, a verdade e isso vê-se no olhar
És um péssimo rapper, vê-se que vens simular
O que expresso aqui não há como não assimilar
E todos sabem que como o Kappa não há similar
E eu estou sempre em evolução como os prédios na minha banda
Ontem “prédio sujo”, hoje “Hotel Maianga”
Te mostro que são palavras
Tornei-me pra o Hip Hop o mesmo que o sol e chuva são pra lavras


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