Lusohiphop: Sabemos que não é habitual o Valete fazer apresentações. Qual foi o segredo pra quebrar o jejum e fazer essa participação no show de Kool Klever?
Valete: O Kool Kleva é uma lenda não só do rap angolano, mas do rap lusófono porque ele foi dos primeiros rappers da lusofonia. Só o facto de estar com ele para mim já era uma grande honra. E eu percebi que aquele show dele iria ser muito mais que um concerto tradicional. O Kool Kleva intitulou aquilo de Dia da Independência. Senti mesmo que naquele concerto nós podíamos de facto iniciar um verdadeiro movimento de rap lusófono. Por isso era tão importante para mim estar lá e participar nesse evento. Acho mesmo que naquele dia 4 de Outubro de 2009 fez-se historia. Para alem disso também resolvi participar porque precisava mesmo de ir sentir Africa, Angola em particular e ver como é que os manos estavam a acompanhar a minha musica.
LHH: É a tua 1ª vez
Valete: 4 dias não deu para ver muito, até porque só estive em Luanda, mas correspondeu mais ou menos à ideia que tinha. É um país que saiu duma guerra recentemente, que está a tentar também iniciar um processo de práticas democráticas, então é normal que tudo dure o seu tempo. Os contrastes sociais e económicos são muito visíveis ainda, mas acredito mesmo que o tempo levará Angola para dias de maior justiça social. Isto acontecerá naturalmente com o aumento de formação académica da população (algo que já está num caminho positivo) e com uma maior participação e vigilância da comunicação social independente e da sociedade civil nas acções politicas.
Depois tem um outro lado fantástico. Os angolanos são especialmente inteligentes e criativos. Em Angola está-se sempre a aprender, está–se sempre a ver coisas novas.
LHH: Na passada 6ª feira, o evento "Ecletismo Poético" registou o seu maior afluxo de pessoal e tudo por causa do Valete. Tinha noção de quão conhecido era por cá?
Valete: Não tinha a mínima noção. Sabia pelo feedback que ia tendo de amigos e da Internet, que havia manos em Angola que acompanhavam o que eu fazia, mas não tinha a noção que era tanta gente assim.
LHH: Pra quando podemos contar com um show exclusivo do Valete na banda?
Valete: Estou a finalizar o meu álbum. Mal o álbum saia espero ir a Angola lança-lo e logo depois fazer um show. E queria não só fazer um show em Luanda, mas também noutras províncias.
LHH: Diz uma frase que "quando alguém vai nunca vai só, deixa um bocado de si e leva um bocado de nós". O que é que levas de Angola?
Valete: Os meus dias em Angola foram tão bons, fui tão bem recebido, tão bem tratado que eu levo fundamentalmente o desejo e a necessidade de voltar muito
LHH: Embora nunca tenha deixado rasto, sabemos que és um visitante habitual do nosso blog. Deixa uma mensagem pra nós em particular e pra os teus fãs angolanos.
Valete: Em primeiro dizer que o vosso blog, está entre os meus preferidos. Parece um blog independente e sempre com uma visão lusófona do rap. Isso é fantástico. Gostava mesmo que vocês continuassem com esse projecto, porque está a ter uma visibilidade cada vez maior em toda a lusofonia, e é fundamental para o nosso movimento. Para o pessoal que me segue, queria dizer que estou já a finalizar o álbum e sem duvida que este será o meu melhor álbum de sempre, e logo que saia quero ir a Angola ver como as pessoas vão sentir o conceito de Homo Libero (Homem Livre) que o álbum vai mostrar.
2 comentários:
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