Se entre os grãos de milho misturados na cachupa rítmica e poesia urbanizada tuga-verdiana encontro o Boss AC. Na neblina diluída na métrica encontro a altitude da poesia mítica, mística, surreal, rural e humanista dos Dealema. Se na dor e na maresia, vislumbro a dimensão infinita de um mar de emoções e pensamentos que se cantam Gabriel O Pensador. No sabor único e revitalizante de um café Valete, encontro a alma da luz, partilha e intervencão. Nas machambas cultivadas por palavras ritmadas irreverentes que clamam liberdades, justiça e progresso encontro o Azagaia. Se no carnaval de sílabas e consoantes da bruxa encontro o carnaval degradante das ruas, ruelas e vielas dos subúrbios e descubro parte da sujidade, da dor e mentalidade de vários extratos sociais mundias abordados no discurso rimado do Allen Halloween. É no espírito fresco como kizaka, no recorte exacto da cebola picada para o mufete que encontro extratos da vivência de um povo, de uma geração é na visão e na voz de um músico poeta urbano que certamente encontro o BOB DA RAGE SENSE!
É ao som do tema "Carpe Diem" da Boog Brown, uma quiça distinta costela feminina de Nas, som de pano de fundo que toca no momento, que começo a rabiscar essa nota com lágrimas de emoção grafitadas no coração, as mesmas que te escorreram rosto abaixo no breakdown dance da lavagem da tua alma em palco ao abrires o djiing, riscando palavras sentidas sobre o beatbox do bater do teu coração, no seio do teu povo, no teu primeiro grande show na terra que te viu nascer, crescer e tal como uma mãe, viu partir filho de coração corajoso para homem te tornares e que hoje vê regressar filho homem feito. Foi no garimpo suado no Underground Consciente que colheste os diamantes brutos que lapidaste no estado Bobinagem e te empenhaste na luta contra Menos Pão, Luz e Água que conseguiste chegar as confissões diamantíferas dos Diários de Marcos Robert e hoje regressas a terra de alma lavada. Terra esta que como outras terras viram outros filhos ou pais de outros filhos partir para se fazerem homens, ali na nação dos heróis do mar. Assim te viu a tua terra, a terra que te pulsa no sangue, que te invade o pensar, revira as emoções, a terra que carregas no coração, a tua terra, esta terra que também te ensinou que o mundo é a tua terra e que a humanidade é a tua gente. Esta mesma terra que igualmente te ama e resguarda nos recheios genuínos do seu coração, terra esta que na fala do vento e no abraço fraterno do queimar dos raios do sol certamente te disse, bem-vindo a casa filho.
O dia 27 de um Fevereiro que outrora cantou o início da luta armada e entoou a marcha das catanas e de um actual 2011 que na tua voz trouxe a marcha das palavras. O local, "Cine Atlântico", o espaço que aos poucos se torna" historicamente célebre ", por testemunhar e ser álibi fidedigno de vários valores de brio singular, que neste recinto ousaram irradiar sua luz. Hora do show, "19h no cartaz", os ouvintes e espectadores repletos de ansiedade te aguardavam com manifestações vociferadas esparsamente entre a multidão, docemente molestada pelos dedos e engenhos ritmo-explosivos do som do ritmo-bombista Dj Bomberjack, porém parte molestada pela dor e ânsia do raiar do show que tardava, teatrizando até sentimentos de ansiedade em palco, clamando pela tua presença que se junta ao pratear do luar e ao misto de luzes mergulhadas em som e calor humano a beira das 21h.
Ora, julgo que quando se da uma festa ou se proporciona um convívio, o que se pretende é a reunião dos elementos ideais, para que possa acontecer o casamento perfeito entre os espíritos. Criando-se assim a atmosfera perfeita para que possa deste modo acontecer aquilo que ouso chamar de "Partilha Conjunta de Experiência Elevada". Desta feita, os convidados da célebre reunião se fizeram sentir nas presenças artísticas de alta conta atendendo pelos nomes de X da Questão, Doctor Romeu, Pai Grande o Poeta, Army Music, Leggezin, Xtremo Signo & Reptile, Ikonoklasta & Edu ZP, Fusível (honrados pela tua presença mágica), e finalmente tu a estrela cintilante da noite acompanhanda por estrelas compinchas de longa data como Laton e Celder.
Uma noite memorável que na minha mente se pinta como um verdadeiro encontro de “jedis and jedi masters”, uma noite de veludo, o veludo da partilha sobre os caminhos da “força” da palavra e do ritmo. Uma noite mágica com um elenco mágico e um público mágico embriagado de alegria e emoção que entoou letra por letra, palavra por palavra, fôlego por fôlego a “A Carta” que redigiste em nome da tua nação. É em nome desta e de todas as cartas que escreveste nos teus vários diários sonoros que hoje se escreve esta carta com intuito de exteriorizar o orgulho que simbolizas não apenas por seres filho de Angola, mas por seres também um filho deste universo que se dedica as grandes causas.
Comentários por Manda Bocas
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