Antes ( 1960 )
A Dificuldade criou a arte Hip Hop um mundo a parte.
Esta frase está para o hip hop como a palavra está para a ideia. Por mais paradoxal e perverso que possa parecer, o tempo veio dizer-me que ao transformar-se os constrangimentos em que nasceu o Hip Hop em pressupostos positivos, contribuiu para a sua decadência e falência técnica.
A transladação do Hip Hop dos subúrbios para as grandes urbes metropolitanas deixou marcas profundas na substância deste movimento cultural. Os mestres ancestrais deste movimento, utilizavam-no, como instrumento de emancipação, superação e inserção social, com o objectivo de afirmação e consequentemente a aquisição de condições básicas e elementares como: Educação, saúde, segurança, saneamento básico e empregos.
Estes constrangimentos todos , eram sinónimos de muita criatividade e genuidade. A nostalgia era transformada em poesia, o presságio em passos de dança e os desejos de afirmação em quadros com pinturas informais. Eram obras de arte, que refletiam a personalidade e o carácter do artista que as produziu, cada registo fonográfico no vinil eram páginas rimadas da história de uma vida.
Hoje ( 2012 )
Sou o único Underground que vive como o Puff
Os subúrbios e os problemas continuam, mas por ironia do destino o Hip Hop mudou o seu endereço e fixou residência no centro em detrimento da periferia. Os mestres de cerimónias já não se identificam com a realidade das suas comunidades, muito distante delas possuem tudo aquilo que almejavam, Educação, saúde, segurança, saneamento básico e empregos.
Apesar do desencontro com as suas comunidades, os mestres de cerimónias metropolitanos, continuam vinculados ao Hip Hop com mensagens gerais e abstractas, longe da vista longe do coração, dizia o adágio popular, optaram por elaborar poesias universais, criando comunidades imaginárias e relatando problemas surrealistas, ocultando da sua poesia, as suas condições condignas, dizem ser analfabetos nas suas poesias mesmo tendo concluido os seus cursos superiores, criticam o sistema mesmo vivendo em condomínios privados e conduzindo bólides de alta cilindrada, numa tentativa de restabelecer o vínculo com as comunidades, possibilitando assim a venda das suas obras e consolidação da sua condição social.
Moral do Texto: Nos tempos que correm, 2012, os rappers mais consumidos e respeitados, são aqueles que continuam vinculados as suas comunidades, aqueles que continuam segregados e excluidos, Projota e Emicida são bons exemplos brasileiros, o excesso de favelas no Brasil contribuiu imenso para o nascimento regular de rappers genuínos por mais paradoxal e perverso que isso possa parecer.
“Os melhores rappers em Angola são aqueles que ainda não têm cash” - Extremo Signo
Soba L
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